terça-feira, 8 de setembro de 2009

Para que todos os sóis sorrissem

Todo mundo acreditava que a flor precisava do sol. Que dependia dele para viver. Era inegável que ela ficava cheia de vida e luz todo dia que ele aparecia. Mas o que ninguém sabia, nem a flor, é que o sol vinha porque admirava a beleza dela. Ele ficava muito triste quando tinha que dar lugar à chuva, mas sabia que a vida tinha que seguir seus ciclos e sabia que voltaria.
Ele não voltava para que a flor vivesse, voltava porque não poderia viver sem ela.
Um dia quando despertou como sempre o fazia percebeu no jardim uma triste cena: a flor estava morta.
Ele chorou.
Porém, sem que ninguém notasse a tristeza do sol, porque na verdade quase nunca olhavam para o céu, ele seguiu seu caminho em direção a oeste.
No dia seguinte ele veio. Passou o dia inteiro no céu, mas não aqueceu nada. Todos comentavam aquelas horas de sol morto.
O inverno se aproximava e ele iria aproveitar esse pretexto para viver escondido por entre as nuvens, entre a névoa e a neve. Enfim, ele queria morrer.
Um poeta que conhecera a flor sabia o que acontecera. Porém como a cabeça e o coração dos poetas são coisas imprevisíveis ele nem pensou em explicar, muito pelo contrário, preocupou-se em trabalhar suas palavras para que a flor voltasse a nascer.
Findado o inverno o sol vinha desmotivado, quando foi surpreendido por um sorriso iluminado dizendo em voz suave:
- Bom dia Sol!
Ele estremeceu, quis até demonstrar que era forte, mas chorou por ver tão bela flor a pronunciar o seu nome.
A própria flor tratou de explicar-lhe que não havia morrido. Estivera adormecida, pois com o fim do outono preprara-se para o inverno e ficara em silêncio até chegar a próxima estação.
O sol então se declarou. Disse o verdadeiro motivo de querer aparecer todo dia.
A delicada flor deu-lhe um beijo em forma de perfume e recebeu em troca um raio dourado só para si enquanto o poeta, guardião das palavras, preparava seus novos versos
para que todos os sóis sorrissem, pois em poucos dias chegaria a primavera.

14 comentários:

  1. Querido Alcides...versão da historia pela Wicca

    Quando a noite vinha a chegar
    O sol triste se retirava
    Ficando com a flor a sonhar
    E logo pela madrugada
    Quando a lua se comecava a preparar
    Duma noite longa e cansada;
    Dos namorados,e poetas ajudar
    O sol inquieto dos céus procurava
    Aquela flor tão delicada que no jardim deixou
    Ele timidamente por vezes se escondia
    Pra com um raio de luz nas pétalas da flor tocar
    Vivendo uma paixão escondida, impossível amor, ele alimentava.
    O sol sabia que o universo não era dele
    Tinha que dar lugar a chuva para as lágrimas espalhar
    Foi tantas as vezes que o sol se misturou com a chuva
    Só para ver o rosto da flor a se lavar.
    Tudo na vida tem fim e principio, mesmo aqueles amores que parecem eternos
    Tal foi o susto do sol ao ver que a sua amada flor
    Um dia caiu na terra e deu o ultimo suspiro
    Se conta que o sol nesse dia chorou
    E pediu aos ventos para levar o seu calor pra bem longe
    Dias de luto o sol ficou
    Deixando o céu cinzento e escuro
    Quando o sol esconde o rosto por detrás de uma nuvem
    Deixando cair lágrimas de saudade e dor
    Ninguém pensa, ninguém vê quanta tristeza esconde o sol daquela dor.
    Se fez imigrante para esquecer
    Deixando aquela terra que ele amava,onde ficava a semente daquela flor.
    Por algum tempo o triste sol descansou
    Não esqueceu, mais a ferida sarou, ele podia voltar a brilhar
    Quem sabe, uma outra flor voltar a encontrar
    Então o poeta Alcides, conhecedor da historia em palavras magicas
    Resolveu dar vida aquela flor tão singela
    Sem pensar e sem explicar, com a tinta do coração
    Ele voltou a ver o sol brilhar.
    O sol encontrou a flor que ele pensou ser a mesma
    Quando ela o nome do sol chamou
    O sol esqueceu da dor antiga
    Nas pétalas da rosa o sol o seu amor declarou
    Entre beijos e carícias, de perfume e luz
    O sol prometeu que voltava em cada Primavera
    Porque agora ele tinha a certeza
    Que o amor nunca morre
    Apenas o amor muda de cor.
    Amigo, hoje o sol abandonou Winnipeg,o dia foi cinzento, chuva, acho que deve ter morrido alguma flor e o sol mandou as lágrimas chorarem o pranto de dor
    Mil beijos em ti poeta
    Rachel

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  2. Belíssimo texto, Alcides.
    Gosto tanto da Primavera, e o Outono que se aproxima dá uma melancolia... o que vale é que também há flores de Outono, mais tristes que as da Primavera, mas igualmente belas.

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  3. Rachel,

    Esta linda versão feita pela Wicca deve carregar o título que eu havia pensado anteriormente para o texto: A lenda do Sol e da Flor.

    O sol abandonou Guarulhos também, ontem e hoje. Veja o comentário da Tatha no post anterior.

    Mas depois do que nós escrevemos, a letra do Beto Guedes nos dá uma pista "A lição sabemos de cor, só nos resta aprender".

    Beijos!
    Alcides

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  4. Benjamina,

    O outono é meio melancólico mesmo. Aqui no Brasil chamamos de meia estação. Começa frio, aquece, termina frio.

    Mas é uma transição, uma preparação para que percamos as folhas (velhas), passemos pelo inverno para encontrar a primavera. Ciclos que nada mais são do que a própria Natureza Humana.

    E o verão... sem comentários.

    Beijos!
    Alcides

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  5. Alcides
    Minha Palavra Mágica

    Aqui em Portugal tambem o dia hoje acordou debaixo de uma imensa e forte trovoada e uma chuva imensa...
    Após algumas horas o sol brilhou fracamente debaixo de algumas nuvens e eu assistindo a este dia da janela,disse para comigo;
    È Setembro!!!
    Realmente o Verão está quase no seu fim...lá virá o Outuno melancolico...
    Mas como eu costumo dizer tudo na vida tem a sua beleza.
    Lindo seu texto, amigo.
    Hoje veio ao encontro do meu pensamento.

    Bjinho cheio de luar

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  6. Pelo visto morreram muitas flores, pois o sol não quis mais ser visto em lugar algum. Hoje ele espia, tímido, atrás das nuvens, para ver se nasce alguma nova flor.
    Maravilhoso o post, com um complemento perfeito da Rachel, uma dupla com uma sintonia mais que perfeita, vocês fazem.
    Abraços!

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  7. QUE LINDA HISTORIA...MARAVILHOSA...LI COM UMA SEDE..COMO SE TIVESSE BEBENDO A MAIS PURA AGUA DO PLANETA....CADA LETRA DESCENDO....RODOPIANDO PELOS MEUS OLHOS....

    ADEMERSON NOVAIS DE ANDRADE

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  8. É isso Moonlight, "tudo na vida tem a
    sua beleza".

    Beijos!
    Alcides

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  9. Pensador,

    Não vou falar de mim, porque sou exigente com as palavras e acho que preciso aprender muito. Mas essa menina Rachel escreve mesmo muito bem.

    Um abraço!
    Alcides

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  10. Ademerson,

    Tem muita poesia nesse seu comentário. Obrigado!

    Um abraço!
    Alcides

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  11. "A delicada flor deu-lhe um beijo em forma de perfume e recebeu em troca um raio dourado só para si enquanto o poeta, guardião das palavras, preparava seus novos versos
    para que todos os sóis sorrissem, pois em poucos dias chegaria a primavera"...Chegaria para animar embelezar ainda mais a flor, para alegrar e inspirar ainda mais o doce e grande poeta que encanta com suas mágicas palavras!

    Doce poesia!Linda!

    Bjo grande

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  12. Deixo muitos sorrisos!
    Obrigada por me permitir ler tanta coisa linda!
    Um dos blogs que fazem meu coração sorrir.
    Beijos

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  13. Helô,

    Obrigado por deixar seu sorriso ecoar aqui no Abismo Noturno!

    Beijos!
    Alcides

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