segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Pinheiro e a Laranjeira

Havia um lugar visitado todos os dias por um passarinho. Não era um pomar, pois não havia muitas árvores frutíferas, apenas uma. Também não era um jardim, porque não havia flores plantadas, apenas uma.
De fato havia apenas duas árvores: um pinheiro, com sua flor que nem parecia flor por ser um tanto crespa, e um pé de laranja lima.
Nasceram quase ao mesmo tempo, de modo que cresceram juntas, mas não sabiam quem as havia plantado ali. Todos os dias se olhavam e silenciosamente maldiziam a sorte de não ter lhes dado seres da mesma espécie para conversar.
A laranjeira não falava com o pinheiro talvez por timidez. O pinheiro não falava com a laranjeira, talvez por achar que uma planta com um fruto tão delicado e tão doce não se interessaria pelas suas histórias. Mas mesmo tendo sua flor diferente, o pinheiro era delicado. Sua flor se fechava em tempos de chuva para proteger as sementes e se abria em tempos mais quentes, para aquecê-las. Além disso, em épocas natalinas sua flor era queimada na lareira e mesmo assim, tendo que morrer, produzia um aroma especial para o ambiente.
Talvez o pinheiro não conversasse com medo de chorar, já que enquanto sua flor morria na lareira, a flor do pé de laranja lima era usada em festas de casamentos. Uma celebração à vida.
Um dia... era outono e as nuvens alaranjadas do fim da tarde presenciaram algo mágico, certamente preparado pelo Criador. O sabiá, pousou no galho do pinheiro. A laranjeira olhou com um certo ciúme, mas em pouco tempo lá estava ele beijando as folhas do pé de laranja lima.
As árvores começaram a brincar com suas folhas enquanto o vento assoviava uma canção que nunca fez parte do seu repertório... Era linda!
O pinheiro e a laranjeira se entreolharam e viram que mesmo diferentes, eram belos...
Assim se passaram as estações e numa manhã a laranjeira acordou e não viu o pinheiro.
Pensou que estivesse sonhando, mas à medida que as horas avançavam viu que não dava para mentir para si mesma. Ele não estava ali.
Já com o sol a pino a planta ainda estava toda molhada como se orvalhada na primeira luz da manhã. Mas não era orvalho... Pela primeira vez a laranjeira chorou... Pela primeira vez sentiu saudade.
Passava o tempo e a angústia só aumentava.
Quis perguntar ao vento, mas naquele dia ele andava apressado. Parecia que viajava nas asas do tempo.
Tentou perguntar ao sol, mas este já estava minguando atrás da serra, deixando mais uma vez aquela nuvem cor de laranja que a fez se calar e apenas lembrar-se de um certo dia...
Ia falar com a nuvem, mas antes que dissesse palavra viu o pássaro voando em sua direção.
Ao toque da ave em seu galho, ela sentiu um perfume diferente e sentiu mais ainda; no bico do sabiá havia um delicado beijo.
Sabendo ela que seu pinheiro estava bem, todos os dias quando o pássaro chegava, preparava-se, fazia-se a mais bela e dava o melhor de si para que o sabiá-laranjeira levasse também o seu beijo para aquele que, mesmo distante, jamais se esqueceu que um dia conviveu com a criatura mais doce de seu universo.

22 comentários:

  1. Querido Alcides,
    Que historia mais linda
    Me deixou a meditar....positivamente,claro!

    O amor atravessa pontes
    Esperando o amor no outro lado encontrar...
    Quantas laranjeiras e pinheiros
    Vivem distantes,entre ecos suaves de saudade
    Nas pedras moldadas pelo tempo
    Que as faz em aguas de calmas nascentes
    Um do outro....
    ......Recordar.....
    Na mais bela cor de um pássaro
    Ou em rodopiantes letras
    Em asas de madrugada...onde os orvalho,as vem beijar
    Triste laranjeira que canta melodias
    Falando do amor
    Solta palavras na ponta dos dedos
    E se deixa beijar com gosto a pinho num olhar verdejado

    De coração nobre,num olhar perdido
    Vive um pinheiro de coração tão sofrido
    E sob um céu escuro e tapado
    Mesmo sem a ver
    Confia no pássaro,que o beijo da saudade
    Ao destino pretendido
    Ser... hoje...amanha...depois....entregado!
    E assim na clareza do encontro
    Se vão amando
    No raiar do dia ou na escuridão da noite
    Onde nem pomar havia
    Nem jardim existia
    Apenas duas almas diferentes
    Mas o amor!!!
    Esse é igual em toda a gente!!
    Poeta lindo,
    Como te disse antes,no meu meditar,gostei da tua historia
    Boa leitura,me faz sonhar.Gosto de te ler garoto:)
    Mil beijos e que tenhas uma boa semana
    Rachel

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  2. Alcides...

    Que belo texto.
    É muito mais que um lindo texto, uma reflexão.
    Nem melhor, nem pior, simplesmente diferente!

    Bjo

    =)

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  3. Uma linda história, gostosa de ler e depois ficar quietinha, refletindo... Espero jamais ter que perder alguém para só então dar-lhe o devido reconhecimento.
    Saudades, Alcides.
    Beijoka.

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  4. Uma linda história que nema distancia pode separar esse dois seres...

    bjinhus saudades daqui!

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  5. Alcides,
    Especialista que sou, já, em ficar distante do meu amor, compreendo bem esta sua fábula.
    Também nós, muitas vezes, precisamos dos "sabiás" dos sms, da internet, do telefone, para estarmos um pouco mais juntos.
    Apenas, a grande diferença é que, ao contrário do pinheiro e da laranjeira, nós voltamos sempre a estar juntos, para fazer do nosso canto o jardim da nossa vida...
    Abraços, e boa semena!

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  6. Que lindo este conto!
    Uma bela lição de vida que pudemos dele retirar.
    Beijito.

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  7. O amor pode estar distante mas está sempre guardado no nosso peito, pertinho do coração.

    Muito bonito Alcides!

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  8. Nossa querido amigo.

    Que texto maravilhoso, serve tanto para se encantar como pra refletir! BRILHANTE!!!!

    Bjos

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  9. Todas as histórias de amor são belas. é uma delicia ler-te sempre

    Beijos

    (Sus)

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  10. Querido Alcides!

    Que lindo!Pena ele ter partido e deixado aquele amor que descobrira apesar das diferenças!

    E o mais interessante é que dessa linda historia tira-se boas liçoes:

    *Nao importa a diferença que haja entre dois seres se o amor no coraçao de ambos brotar.

    *Para os aque acreditam em amor eterno, a distancia provoca grande saudade mas jamais destroi o amor quando este é verdadeiro.

    *E finalmente,o mais importante:
    Entre os verdadeiros amantes, mesmo que haja distancia sempre haverá o carinho e o bem querer!
    Ou entao deveria ser assim!


    Refleti fundo,né?rs
    Que belo aprendizado, meu amigo!
    Maravilhoso!Parabens!

    Um beijo!

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  11. Meu Deus...!!! que história mais maravilhosa...Bem haja a quem ainda tem uma imaginação linda assim para fazer um história destas...
    Bjito prateado
    SOL

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  12. Rachel,

    Vou te contar um segredo... não conta pra ninguém" rs

    Os personagens do texto estão invertidos por uma questão de concordância nominal, coisas do nosso idioma.

    Pinheiro é sobrenome da protagonista desta história e Lima é o meu sobrenome.

    Um beijo!
    Alcides

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  13. Tatha,

    Um jeito diferente de contar uma história real.

    Beijos!
    Alcides

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  14. É verdade Lua nova,

    Reconhecer o valor de alguém depois que já perdemos é dizer Eu te amo ao vento.

    Beijos!
    Alcides

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  15. Diana,

    Apesar de tudo o que já foi inventado, o pensamento é o caminho mais curto para superar as distâncias.

    Beijos!
    Alcides

    Eu também tenho saudades daí, mas em breve te visito.

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  16. Amigo Pensador,

    E eu espero que em breve vocês não precisem voltar mais. Espero que não haja mais partida para que os uivos do lobo sejam para celebrar as grandes noites de lua cheia ao lado de sua amada.

    Um abraço!
    Alcides

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  17. Cristina,

    Quando o amor está guardado pertinho do coração não há saudade que resista.

    Obrigado pela visita!

    Beijos!
    Alcides

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  18. Secreta,

    Obrigado pelas suas palavras!

    Beijos!
    Alcides

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  19. Pocahontas,

    BRILHANTE é a sua presença por aqui. Você continua arrasando nos seus textos.

    Beijos!
    Alcides

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  20. Moi,

    Obrigado pelas palavras!

    Penso como você a respeito de todas as histórias de amor.

    Um beijo!
    Alcides

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  21. Lu Maravilha

    Deu para eu apender muito com essas suas palavras sábias.

    Um beijo!
    Alcides

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  22. Sol,

    Histórias assim acontecem todos os dias, porque o amor se manifesta todos os dias.

    Beijos!
    Alcides

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