domingo, 15 de março de 2015

Manifest'(ação)














Na rua onde passa o homem
Passa boi, passa boiada.
O rio de asfalto e gente
Encontra na esquina uma gentalha.
Passam mulheres e crianças,
Passa cão, passa canalha. 
Quem faz a segurança é o guarda
E vê-se homens de terno e homens de farda,
Camisas verde e amarelas,
Alguns batem panelas
Outros cantam o hino nacional
Sem saber o que é penhor
Plácidas, lábaro, clava, garridas.
Mas seguem, papagaios, repetindo
Desordenadas palavras de ordem
Pelas ruas e avenidas.
Povo, massa de manobra,
Que vai para a rua e cobra
O que nunca será seu.
De rombo em rombo, pouco a pouco
O grande saco de partiu.
As farinhas se misturaram
Nesta terra chamada Brasil.

                                                (Alcides Vieira)

10 comentários:

  1. É meu amigo, a coisa está tensa.
    E é bem isso mesmo. Poucos sabem o que estão fazendo, muitos so repetem como papagaios e outros só vão para rua por falta de diversão mesmo. Foi o que ouvi hoje de uma pessoa pelo telefone:"Não tem nada pra fazer mesmo então vou pra manifestação zoar" No fundo no fundo, nada é levado á sério no Brasil. Começa em zoeira, termina em zoeira ...

    Como sempre, gostei muito desses teus sóbrios versos!

    Beijo meu.

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    1. Obrigado amiga Lu Maravilha!

      Alguns acham que alguma coisa tem que ser feita para acabar com tudo isso. Só que se esquecem que fazer alguma coisa é diferente de fazer qualquer coisa.

      Beijo!

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  2. oi Alcides,

    versos conscientes...
    tomara todas as atitudes tivessem a mesma lucidez e a mesma coerência que suas palavras...

    beijinhos

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    1. Obrigado Rô!

      Acho que a palavra é essa: lucidez, só não sei se tenho também rsrs.

      Beijo!

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  3. Verdades ditas em prosa poética admirável; parabéns pela franqueza nada longe da realidade.
    Abraço.

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    1. Obrigado Viviani!

      É a impressão que tenho quando vejo tudo isso, agora estão tentando convencer a massa que intervenção militar é diferente de golpe militar.

      Um abraço!

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  4. No entanto, o que somos nós senão atores do filme da nossa vida?
    Muito legal!!!
    AbraçO

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    1. Somos atores do filme da nossa vida sim, Nidja e temos que ser os melhores.

      Beijo!

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  5. Boa tarde,
    Este poema é excepcional. E tem uma cadência que parece ele próprio, um grito.
    Este poderia ser o relato verdadeiro de muitas sociedades atuais, enganadas, roubadas, tiranizadas, insatisfeitas com a própria sorte. Relata, no caso, o desassossego dum povo que, não conhecendo, talvez, o significado de penhor, é por ele que clamam. Talvez não saibam a forma certa, e saberá alguém? Quando em desvario, muitos de nós perde o norte, perde o tino, perde-se a si próprio no meio da multidão.
    Aqui em Portugal também se vivem tempos, que já contam anos, muito difíceis. E em outros países da Europa também se experimenta coisa semelhante. Mas é curioso que o povo vai reagindo de forma diferente, consoante o meridiano em que se encontra e o grau de tolerância em que está. Mas chega um ponto em que o desespero é que ditará o passo.

    abço amg

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  6. Concordo com você Carmem,

    O povo está mesmo descontente, mas a massa mesmo está sendo usada como massa de manobra e isso é perigoso. Agora estão tentando convencer que não querem dar um golpe militar, que querem fazer uma intervenção. Os menos desavisados estão comprando essa ideia. Onde falta educação, impera a manipulação.

    Beijo!
    Alcides

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