Pacifíco-me num oceano revolto.
Revolto-me com o oceano
Num horizonte intocável
Que não me deixa ser eu.
O que me tornei sem querer?
Fortaleza mostrando um ponto frágil.
Ilha virgem silenciosa esperando um naufrágio.
Farol na barra a ver navios.
Estrada asfaltada, iluminada
Que leva ninguém ao nada.
E tudo o que eu queria
Era ser estrada de terra
Pra poder acolher os teus passos.
Ser vento, sem calma, sem asa
Entrando em qualquer fresta
Se fosse fresta da tua casa.
Ser lago sereno contemplando a lua
Ser o sol para te aquecer o frio.
E tudo o que eu queria era ser um rio.
Ser teu vigia em tua rua
Pra toda noite te ver banhar nua.
"Ser vento, sem calma, sem asa
ResponderExcluirEntrando em qualquer fresta
Se fosse fresta da tua casa."
Alcides, criaste uma sintonia especial nestes versos! E a escolha de "Esperando Aviões" foi perfeita!
Beijos e uma ótima quarta-feita prá ti!
♥
Flor,
ResponderExcluirO vento é outro ser misterioso que passa por nós e parece que nem cumprimenta. Às vezes passa apressado, outras, devagar. Mas nós é que somos mal educados e nunca o convidamos para ficar.
Beijos!
Alcides
Alcides, hoje li um texto da Lispector que me lembrou isso que disseste sobre o vento:
ResponderExcluir"Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha
exatamente nos cabelos.
(...) Isso me acontece tantas vezes que passei
a me considerar modestamente a escolhida das folhas.
Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos
e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante.
Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os
objetos a folha seca, (...), morta.
Jogo-a fora (...) também porque sei que
novas folhas coincidirão comigo.
Um dia uma folha me bateu nos cílios.
Achei Deus de uma grande delicadeza."
(Clarice Lispector)
Beijos, querido amigo, e uma sexta-feira especial prá você!
Bom dia, Flor!
ResponderExcluirEu não conhecia este texto. Achei lindo. Uma crônica em forma de poema.
Coincidentemente meu novo post continua falando do vento. Só que desta vez ele foi mais cruel.
Beijos!
Alcides