terça-feira, 24 de março de 2015

Temporais















Seus passos cada vez mais longe,
Meus passos cada vez mais lentos.
Na alcova a oração de um monge,
Na montanha pecados desatentos.
Não há alegria nas águas de março
Nem nos sóis de fevereiro.
Antes, no outono, caíam folhas,
Agora caem galhos... o tronco inteiro.
Canta longe a cotovia
Com seu canto rouco e fraco
Incapaz de anunciar o dia.
Tudo é abismo noturno,
O silêncio fazendo silêncio,
Aquietando do vento o assovio,
Deixando um sóbrio sabor de vazio.
Os seus passos cada vez mais longe,
Os meus passos cada vez nunca mais.
E eu que vim da terra da garoa
Não sabia desses temporais...

                                  (Alcides Vieira)

4 comentários:

  1. oi Alcides,

    triste e melancólica a sua escrita,
    muito difícil quando cada um caminha para uma direção...

    beijinhos

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    Respostas
    1. É verdade Rô,

      Ainda bem , que no meu caso, é só poesia.

      Beijos!
      Alcides

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  2. Olá, Alcides!
    Achei teu poema de uma expressividade invejável, brilhante!

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  3. Obrigado Viviani, eu também queria ter o dom de escrever contos que encantam, como os seus.

    Um abraço!
    Alcides

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